Médicos da rede pública de São Paulo trabalham menos horas do que foram contratados e, para cumprir uma meta de pacientes atendidos, fazem consultas relâmpagos, de até menos de dois minutos.
As informações são de reportagem de Talita Bedinelli e Afonso Benites, publicada na edição desta quinta-feira da Folha (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL).
Em duas semanas de reportagem, a Folha flagrou 20 profissionais nessa situação. Segundo pessoas da área de saúde ouvidas, o número é maior graças a acordos informais entre gestores de unidades de saúde e os médicos.
Eles ficam dispensados de cumprir o horário de trabalho desde que atendam uma meta de consultas. Nos postos de saúde da Prefeitura de São Paulo, por exemplo, a Folha apurou que a meta é de 80 pacientes por semana para cada um dos médicos. A prefeitura nega a prática de acordos, diz que o horário tem de ser cumprido e afirma que vai apurar os casos apontados pela Folha.
A maioria dos médicos flagrados pela Folha atende em UBSs (Unidades Básicas de Saúde) e AMAs Especialidades (Assistência Médica Ambulatorial) da Prefeitura de São Paulo, que funcionam só com consultas marcadas.
OUTRO LADO
A Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo disse que "não compactua com nenhuma redução da jornada de trabalho de seus funcionários" e que todos os casos apontados pela Folha serão apurados e, se comprovados, punidos "com o rigor da lei".
O órgão disse ainda que vai implementar até o final deste ano um sistema de reconhecimento biométrico (por impressão digital) e fotográfico de seus profissionais e pacientes, o que deverá permitir um acompanhamento maior da jornada de trabalho
|