O prédio onde um restaurante explodiu na manhã desta quinta-feira, no Rio, não tinha autorização para usar GLP (gás de cozinha), de acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros e do secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões. Botijões do gás foram encontrados no local. O acidente causou a morte de três pessoas --sendo dois funcionários do local-- e deixou 17 feridas.
"A edificação não foi aprovada para utilização de gás combustível, seja sob a forma de cilindro GLP ou canalizado (de rua), não sendo admitido e não sendo permitido o abastecimento de qualquer tipo de gás combustível sem prévia autorização da DGST [Diretoria Geral de Serviços Técnicos]", diz laudo de agosto de 2010 do Corpo de Bombeiros do Estado.
Segundo o comandante da corporação, coronel Sérgio Simões, após esse período não foi feita nenhuma requisição oficial para o uso de gás no prédio, ou seja, os botijões estavam sendo utilizados de forma irregular.
O prédio onde ficava o restaurante Filé Carioca e a região no entorno ficaram totalmente destruídos. O restaurante ficava na praça Tiradentes, no centro do Rio.
ACÚMULO DE GÁS
O acúmulo de gás dentro do restaurante é a principal hipótese do Corpo de Bombeiros para o acidente. De acordo com a corporação, com o restaurante fechado devido ao feriado, o gás pode ter vazado durante todo o dia de ontem e a explosão pode ter acontecido quando os funcionários acenderam as luzes do local hoje de manhã.
O Corpo de Bombeiros ainda faz buscas para encontrar outras possíveis vítimas.Todos os feridos foram socorridos ao hospital Souza Aguiar, segundo o comandante do 5º Batalhão da PM (Praça da Harmonia), Amaury Simões.
O local está isolado. As ruas da Carioca, Assembleia e Visconde de Rio Branco estão interditadas, de acordo com o Centro de Operações da Prefeitura do Rio.
Além de bombeiros e PM, equipes da prefeitura, da CET, Guarda Municipal e Comlurb também se deslocaram para a praça Tiradentes.
EXPLOSÃO
A explosão ocorreu por volta das 7h40, na praça Tiradentes, centro do Rio. O restaurante ficava no térreo de um prédio comercial. Ao lado do prédio que explodiu fica um hotel Formule 1, que teve os vidros estilhaçados com a explosão.
A explosão atingiu lojas até ao menos o 7º andar do edifício e dois estabelecimentos na lateral --uma loja de eletrodomésticos e uma sorveteria. Ao lado do prédio que explodiu fica um hotel Formule 1, que teve os vidros estilhaçados com a explosão.
O prédio onde ficava o restaurante e dois edifícios ao lado serão interditados até que a Defesa Civil do Rio verifique se há risco de desabamento, afirmou o prefeito Eduardo Paes (PMDB).
"A princípio, as primeiras posições são de que não tenha risco deste desabamento iminente. Mas até que isso esteja confirmado, o hotel e os prédios do entorno permanecerão interditados. Estão vindo para cá engenheiros especializados e por enquanto vamos trabalhar com risco zero", afirmou Eduardo Paes, que está no local da explosão.
"VI O PESSOAL VOANDO"
A explosão foi tão forte que os corpos das vítimas foram arremessados a cerca de 30 metros e encontrados do outro lado da rua.
O catador de latinhas Daniel Ferreira Luz de Oliveira, 34, viu o momento da explosão. "Eu estava do outro lado da calçada catando latinha quando ouvi um estrondo enorme. Vi o pessoal voando já tudo morto pro outro lado da calçada. Com o calor, já estavam até sem roupa. O impacto foi tão grande que chegou a derrubar um poste. Nunca vi uma cena daquela. Ficou gravada na minha cabeça", disse.
Cristiane Souza Garcia, 28, é dona de uma loja no segundo andar do prédio. Emocionada, ela conta que terminou de arrumar a loja de cabelos duas semanas antes da explosão. "A loja está destruída. Faz uma semana que a gente ajeitou ela", diz.
Chorando muito, Cristiane diz que, se não tivesse se atrasado para levar a filha para a escola hoje, poderia estar na loja no momento da explosão.
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