O ex-chanceler Celso Amorim, convidado para assumir o Ministério da Defesa, agradeceu a confiança da presidente Dilma Rousseff em chamá-lo para o cargo e, sem citar nomes, disse que tem "apreço por antecessores".
Amorim está hoje em João Pessoa (PB), onde participa de um evento sobre relações internacionais na UEPB (Universidade Estadual da Paraíba). A participação dele estava marcada havia mais de um mês.
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Na programação do evento estava prevista uma entrevista coletiva de Amorim no início da tarde de hoje, que foi cancelada. O embaixador fez apenas um rápido pronunciamento, sem responder a perguntas, no qual disse que ainda não conversou com a presidente sobre a nova função.
No pronunciamento, ele disse ainda que pretende abrir diálogo com a sociedade, "sem perder os interesses maiores da nação". E que pretende conversar com os comandantes militares antes de falar com a presidente. Possivelmente essa conversa aconteça amanhã, em Brasília.
Amorim disse que irá tomar posse no cargo na próxima segunda-feira (8).
À tarde, está prevista uma palestra do ex-ministro, ainda em João Pessoa, sobre a política externa brasileira no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
DEFESA
Amorim assumirá a pasta no lugar de Nelson Jobim, que deixou ontem o cargo diante da polêmica criada por suas declarações.
À revista "Piauí" ele disse que a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) é "fraquinha" e que Gleisi Hoffmann (Casa Civil) "sequer conhece Brasília".
O ministro, no entanto, negou na tarde de ontem que tenha se referido de forma pejorativa ao trabalho das ministras.
A situação do ministro já havia ficado insustentável nos últimos dias após a declaração de que votou em José Serra nas eleições de 2010. A revelação foi feita no programa "Poder e Política - Entrevista", conduzido pelo jornalista Fernando Rodrigues no estúdio do Grupo Folha em Brasília. O projeto é uma parceria do UOL e da Folha.
Jobim também causou constrangimento ao Planalto recentemente, na solenidade de homenagem ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na ocasião, disse ser preciso tolerar a convivência com "idiotas", que "escrevem para o esquecimento". Ele explicou ter se referido a jornalistas, mas petistas entenderam como recado ao governo.
QUEDAS
Com a saída de Jobim, já são três as baixas no governo Dilma em apenas oito meses. O primeiro a sair foi Antonio Palocci, que deixou a Casa Civil após a Folha revelar o crescimento de 20 vezes do seu patrimônio nos últimos quatro anos, enquanto exercia mandato parlamentar.
No mês passado, o senador Alfredo Nascimento (PR-AM) pediu demissão do Ministério dos Transportes apóser ser envolvido em suspeitas de corrupção e superfaturamento de obras na pasta.
Embora não tenha deixado o governo, Dilma também precisou trocar o titular da Secretaria de Relações Institucionais. Luiz Sérgio, que exercia o cargo, assumiu o Ministério da Pesca, trocando de posto com Ideli Salvatti.
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